O dízimo é uma contribuição sistemática e periódica dos fiéis, por meio da qual cada comunidade assume corresponsavelmente sua sustentação e a da Igreja. Trata-se de um compromisso de fé, pois está relacionado com a experiência de Deus e exprime a pertença efetiva à Igreja, vivida em uma comunidade concreta. Manifesta a amizade que circula entre os membros da comunidade.\n\nSer dizimista é uma decisão pessoal e compromisso moral de contribuição, assumida de modo permanente, seja mensal (ligado ao salário ou outros tipos de ganho); ou anual (ligado a colheitas ou à venda de produtos).\n\nO dízimo não deve ser entendido e assumido unicamente como forma de captação dos recursos para as outras pastorais. Esta compreensão não expressa toda riqueza de seu significado.\n\nAs dimensões do dízimo\n\nA espiritualidade do dízimo está relacionada com a experiência de Deus, que, por amor, entregou seu Filho por nós e por todo o mundo” (Documento 106, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, 8) e, esta relação com Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito Santo se concretiza por meio da oferta financeira feita com alegria, constância, fidelidade e generosidade.\n\nEsta espiritualidade deve ser compreendida e vivenciada em 4 dimensões:\n\nReligiosa: é a relação de cada cristão com Deus. Contribuindo com parte de seus bens, o fiel cultiva, aprofunda e mantém seu relacionamento com “Aquele de quem provém tudo o que ele é e, tudo o que ele possui”, expressando sua gratidão, fé e conversão. A partir desta relação com Deus, sua forma de relacionar com os bens materiais e seu uso adequado, à luz da fé ganha novo significado. (Lc 12,15-21; 1Tm 6,17-19).\n\nEclesial: é importante ressaltar que, Deus não precisa de dízimo, mas a “Igreja que caminha e está presente” no mundo, sim. Ela só pode evangelizar utilizando-se dos instrumentos e recursos adequados. Com o dízimo o fiel vivencia e desenvolve sua consciência de ser membro da Igreja, pela qual é corresponsável, contribuindo para que a comunidade disponha do necessário para realizar o culto divino e desenvolver sua missão evangelizadora. Como todo batizado e exercendo o protagonismo dessa Igreja, cabe a cada fiel contribuir para que a missão deixada por Jesus se cumpra. “O dízimo oferece condições às paróquias e comunidades de contribuírem de modo sistemático com a Igreja particular, mantendo vivo o sentido de pertença a ela”.\n\nMissionária: O Papa Francisco tem insistido: “Só podemos nos considerar cristãos de fato se, como Jesus, irmos ao encontro de todos para anunciar, sem imposição, quem é Jesus e no que consiste o Evangelho por Ele anunciado”. O fiel é corresponsável por sua comunidade. O dízimo permite a partilha de recursos entre as paróquias de uma mesma Igreja particular e entre as Igrejas particulares, o que proporciona a manifestação da comunhão existente entre elas.\n\nCaritativa: manifesta-se no cuidado com os pobres, por parte da comunidade paroquial por meio da ação generosa de cada fiel. Essa dimensão provoca o dizimista a realizar o que Jesus realizou: “olhar com amor e colocar-se a serviço dos pobres”. Esta atenção para com os pobres e suas necessidades é uma característica da Igreja Apostólica. Uma das características das primeiras comunidades cristãs era de que “entre eles ninguém passava necessidade”, pois tudo era distribuído conforme a necessidade de cada um (At 4, 34-35). Esta opção preferencial pelos pobres encontra-se de forma implícita na fé cristológica. Assim, a caridade para com os pobres “é uma dimensão constitutiva da missão da Igreja e expressão irrenunciável da sua própria essência”.
